Raphael Gomes

O uso exagerado das redes sociais e o crescente aumento da ansiedade entre adolescentes

Foto: Reprodução

Sarah Emanuelly

Na era digital o uso excessivo dos aparelhos digitais tem se tornado frequente por todos, em especial pelos jovens. Plataformas como Instagram, TikTok e Snapchat desempenham um papel central no cotidiano, permitindo que jovens compartilhem experiências, se conectem com amigos e explorem interesses. O que vem gerando um alerta entre profissionais de saúde, pais e professores.

A relação entre as redes sociais e ansiedade

Estudos recentes têm mostrado uma forte correlação entre o tempo excessivo gasto nas redes sociais e o aumento de casos de ansiedade entre adolescentes e jovens. Conversando com jovens adolescentes de escolas de Ipatinga, foi possível perceber algumas causas que podem estar ligadas, como a comparação social, pressão para aceitação, exposição ao bullying e críticas e interferências no sono. A junção desses fatores relatados pelos alunos, traz um alerta aos pais e professores que tem percebido uma queda no rendimento doa alunos, e alterações no comportamento deles.

Dados alarmantes

Uma pesquisa realizada pela Common Sense Media, adolescentes que passam mais de três horas diárias nas redes sociais têm maior probabilidade de relatar sintomas de ansiedade, depressão e isolamento. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o aumento de transtornos mentais na faixa etária de 15 a 19 anos como uma questão prioritária de saúde pública.

Segundo a psicóloga Juliana Tassara, as redes sociais dificultam os jovens a aprender a lidar com a angústia, um dos sintomas da ansiedade. “Uma coisa que as redes sociais fazem é dificultar que a pessoa aprenda a lidar com a angústia. A angústia faz parte do ser humano. Todos nós sentimos angústia e temos que aprender a lidar com ela. Isso é um trabalho solitário. Precisamos estar com nós mesmos. E as redes estão o tempo todo oferecendo alguma coisa pra tamponar nossa angústia. Só que essa oferta é muito passageira. Então isso nem apazigua a angústia e nem permite que a gente aprenda a lidar com ela. Então acaba sendo um movimento de colocar de novo e de novo o sujeito diante da angústia.”

Como reverter esse cenário

Embora as redes sociais sejam uma ferramenta poderosa para a comunicação e expressão, é essencial estabelecer limites e práticas saudáveis para evitar seus efeitos negativos.

Algumas estratégias incluem limitar o tempo online; promover conexões reais frente a frente; educação digital, esclarecer os jovens sobre os impactos do uso exagerado das redes e ensinar práticas saudáveis de navegação na internet; e priorizar o bem-estar digital.

O uso das redes sociais não precisa ser algo prejudicial, mas é fundamental reconhecer quando ele passa dos limites e começa a interferir no bem-estar emocional. O equilíbrio entre o mundo digital e a vida real é o caminho para garantir que as redes sociais sejam um aliado, e não um inimigo, na jornada dos adolescentes.

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO CONTEÚDO SOBRE SAÚDE MENTAL NAS REDES SOCIAIS

Foto: Uniconecta

Raphael Gomes

Nos últimos anos houve um aumento significativo na prática de autodiagnósticos (quando uma pessoa assume um diagnóstico médico sem a consulta de profissionais) de distúrbios mentais entre os mais jovens. Isso corresponde tanto com uma maior conscientização sobre distúrbios mentais nunca houveram tantas pessoas buscando tratamento profissional tanto com uma alta de desinformação sobre o tema.

A principal forma de contato com os distúrbios é através das redes sociais. O algoritmo detecta que o conteúdo pode ser de interesse do usuário e o exibe. A questão é que muitos desses vídeos são produzidos por pessoas sem a preparação adequada para tratar destes temas. Um estudo publicado no Journal of Autism And Developmental Disorders revela que dos 133 vídeos informacionais mais populares sobre autismo no TikTok, apenas 27% foram classificados como precisos. Outro estudo, do The Canadian Journal Of Psychiatry, revela que dos 100 vídeos mais vistos sobre TDAH, 52% foram classificados como enganadores e apenas 21% foram classificados como úteis.

O conteúdo produzido para as redes sociais é atrativo por fatores como: 

Conveniência; O usuário não precisa esperar dias para marcar e realizar uma consulta.

Evitamento de Estigma; O distanciamento de uma pesquisa online permite que o usuário questione sobre sua saúde mental sem o julgamento de terceiros.

Memes; Alguns materiais são produzidos em formatos humorísticos, que além de informar entretém o usuário.


As consequências dessa desinformação são diagnósticos imprecisos e tratamentos inadequados para os problemas reais que o indivíduo pode estar enfrentando. Usuários podem adquirir medicação de venda sob prescrição de forma ilegal, prática que pode piorar o sua saúde a longo prazo além de causar escassez para aqueles que necessitam de tais medicamentos.


Vídeos e textos informativos podem ser o primeiro passo para o início de um tratamento, mas não devem de forma alguma substituir o acompanhamento profissional. Quando você se deparar com um conteúdo online, verifique se quem criou este conteúdo tem especialização no tema e se outros especialistas concordam com o que é dito.