Foto: Uniconecta
Raphael Gomes
Nos últimos anos houve um aumento significativo na prática de autodiagnósticos (quando uma pessoa assume um diagnóstico médico sem a consulta de profissionais) de distúrbios mentais entre os mais jovens. Isso corresponde tanto com uma maior conscientização sobre distúrbios mentais – nunca houveram tantas pessoas buscando tratamento profissional – tanto com uma alta de desinformação sobre o tema.
A principal forma de contato com os distúrbios é através das redes sociais. O algoritmo detecta que o conteúdo pode ser de interesse do usuário e o exibe. A questão é que muitos desses vídeos são produzidos por pessoas sem a preparação adequada para tratar destes temas. Um estudo publicado no Journal of Autism And Developmental Disorders revela que dos 133 vídeos informacionais mais populares sobre autismo no TikTok, apenas 27% foram classificados como precisos. Outro estudo, do The Canadian Journal Of Psychiatry, revela que dos 100 vídeos mais vistos sobre TDAH, 52% foram classificados como enganadores e apenas 21% foram classificados como úteis.
O conteúdo produzido para as redes sociais é atrativo por fatores como:
Conveniência; O usuário não precisa esperar dias para marcar e realizar uma consulta.
Evitamento de Estigma; O distanciamento de uma pesquisa online permite que o usuário questione sobre sua saúde mental sem o julgamento de terceiros.
Memes; Alguns materiais são produzidos em formatos humorísticos, que além de informar entretém o usuário.
As consequências dessa desinformação são diagnósticos imprecisos e tratamentos inadequados para os problemas reais que o indivíduo pode estar enfrentando. Usuários podem adquirir medicação de venda sob prescrição de forma ilegal, prática que pode piorar o sua saúde a longo prazo além de causar escassez para aqueles que necessitam de tais medicamentos.
Vídeos e textos informativos podem ser o primeiro passo para o início de um tratamento, mas não devem de forma alguma substituir o acompanhamento profissional. Quando você se deparar com um conteúdo online, verifique se quem criou este conteúdo tem especialização no tema e se outros especialistas concordam com o que é dito.